3/21/2013

O Segredo do Mar


Porque os pingos de chuva atrapalhavam sua visão ele passou a mão nervosamente pelos olhos. O mar estava violento e o navio veleiro seguia com dificuldade naquelas águas escuras, a tripulação estava alarmada.
Rezava a lenda que aquela região do mar era assombrada por terríveis criaturas, verdadeiros demônios que podiam afundar qualquer embarcação em questão de minutos. Eram seres malignos dotados de uma extrema beleza feminina. Porém ele não se preocupava com tais perigosas criaturas, achava ter o coração endurecido pela morte prematura de sua noiva e o desejo sexual para ele era algo facilmente controlado com um bom porre de uísque.
Aos poucos um cheiro de sangue foi invadindo o navio e uma música envolvente e etérea foi ouvida por todos, eram como anjos cantando em meio a tempestade. De repente ele não pode mais enxergar coisa alguma ao seu redor além uma brilhante criatura repousada na proa do navio.
Ela possuía a pele achocolatada, reluzente e úmida, os cabelos eram compridos e negros descendo escorridos até a altura da fina cintura e cobriam-lhe os mamilos, abaixo de seu umbigo podia se ver o começo de escamas que lhe formavam a cauda. Ele não podia se dar conta dos marujos morrendo a sua volta, só pode caminhar até ela. Quando chegou perto sentiu o forte aroma de mar e percebeu que ela possuía enormes olhos cinzas e tristes. Soube olhando naqueles olhos que a seguiria até a morte.
Ela lhe sorriu e se aproximando do ouvido dele, sussurrou:
- Me perdoe mas a dor é tudo o que eu conheço.
Assim puxou o rapaz pela nuca e o segurando fortemente se lançou de volta no mar.


                                                       (ilustração de Courtney Brims)

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